sem pele
Arranca-me a pele.
Me expõe mais que nua:
em sangue
ossos
músculos
nervos
O mais recolhido
Em meio a corpos estranhos.
Me fere.
me lança seu olhar
entorpecido
cheio de pontas:
uma lança
atravessa a noite
e para em mim
Me fere.
Peço - me deixa
em meu silêncio,
em minha ausência.
Me deixa vestir a pele,
preencher-me de sangue
colar em mim
(de volta)
o que quebrou.
Porque eu era só amor,
e vaidade.
Caio das alturas
a que você me levou.
(lembra que ainda não tenho asas ?)
Me expõe mais que nua:
ferida
naquilo mais raro em mim
alegria
respeito
doçura.
Olhos alheios
vêem
e me prendem.
Sempre ãncora,
sempre chão
sempre terra.
E você em aéreo desvario
levando consigo meu amor
meus gatos
meus cães
minhas certezas.
Minhas cicatrizes somem rápido.
Eis a sorte nossa.