CRÂNIO E GAVETAS

15.6.05

cortes

eu me corto e vejo estilhaços de mim entre poças de sangue. Eu me corto em pensamentos pra tentar me salvar . Mas e os milhares de cães famintos que se aproximam assustadoramente e continuam a me rasgar? Alimento-os?
Por piedade de mim, não quero mais.
.
O que querem?
Sorrisos?
Eu os tenho de sobra.
No entanto, dentro é noite.
Nada se vê,
nada se sente.
Apenas uma lua imensa
e luzes na varanda.

Como dói.
.
Aceita meu cansaço.
Peço:
cuida de mim?
não quero ser a rocha forte
que tudo sustenta,
de onde se vêem montes e oceanos -
eu apenas,
corpo,
alma em pedaços.
.
o cinzeiro cheio não nega: ainda há noite pela frente.

1 Comentários:

Às 1:29 PM , Anonymous Anônimo disse...

não só "cortes" mas todas as outras aqui escritas ficaram muito boas (fodas). você sabe disso, afinal, coisa que não canso é elogiar e admirar (pagar um pau pra) seus escritos (não só pra eles).
algumas em especial: "o cinzeiro cheio não nega: ainda há noite pela frente.", (...) "Existe um chão: a minha história com você. Sobre ele construo a vida." e outro-monte-lá.
depois a gente se fala. felicidade. :*

 

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